domingo, 1 de abril de 2012

há tempo

Nossa casa era um amontoado de tijolo

A luz vinha de uma sensível camisa

O chão era duro como terra, mas era nosso solo.

Era só o que eu conhecia

As paredes eram de caminhos sinuosos

Onde tudo era possível até certo coelho me encontrar

E me encantar

As luzes de natal eram escassas que até hoje as persigo

Dão-me clareado, embora não precise mais delas.

As noites eram frias, ventos que vinham de um telhado inacabado.

Onde o acolchoado era insuficiente

E as roupas eram finas que cortavam a pele

O dia era de um cinza que sinto saudade

Onde o cabelo vermelho se destacava

Para minha timidez

O bolo não era perfeito para minha vergonha

E o pãozinho era fatiado em três

O cheiro de pão queimado com margarina me trazia final de escola

E também estou ocupada para suas necessidades

A gaveta não dava cria

E a carne tinha seu preço

Então preferia a salsicha

Bem frita com companhia

Sem brigas

Eram as melhores

Sem falar na carne moída com temperos da dona Arminda

Tudo ficava mais lindo

Ah... mas quando um caminhão parava a nossa porta com tudo que é de bom

Como era bom

Sempre tinha cheiro de natal

Lembranças de andanças

Que não víamos

Apenas recebíamos

E não sabíamos por que tanta insatisfação

Mas era bom

Chegou a tempo

Sempre para nós ele chegou a tempo!

O motor estava quente

Provando que passou por tudo....mas chegou a tempo!

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arial