segunda-feira, 13 de abril de 2009

Aborto ou excomunhão?






Eu abortando vida?

Não sei lá por quê?!



Abortarei o que não quero... Seja o que for!



Aborto a comida que não prestou...

A bebida em excesso

O mal que me fez



Dádiva vida!



Serei hipócrita em aceitar as mazela do meu corpo da dita excomunhão.



Excomungo os males do corpo dito feito que se fez.



Serei o Deus do meu corpo porque dele sei a dor que me cabe.



Não sofrerei em nome desse Deus que excomunga a vida que o outro exterminou.



Serei a vida sem compartilhar a derrota do outro.



Abortarei este maldito. Execrarei o meu lixo/o meu bicho.



Rejeito o que me incomoda/que adoece.

Não deixarei levar até a morte.



A vida não e cabal/é carnal,

Mas completa enquanto não destrói a do outro.

Poty – 07/03/2009

Deixo a eles a conveniência


Para os doutores,
Deixo a mesa
A burocracia
A insolência
A teoria
Da sua impotência

Para mim,
Fica a irreverência
A indignação
A liberdade de ser o que sou
Sem menosprezar a ninguém

Os encaro com desdém
Porque se acham que estão acima
De qualquer mortal

Estou com os que não têm,
Mas tem todo o aprendizado
Que os outros há de estudar

Ficamos nós os plebeus a reverenciar
Porque achamos que eles têm a sabedoria
Mas nós a vivenciamos no dia a dia
Poty – 11/04/2009

Queremos ser, mas não somos nada!

Queremos ser, mas não somos nada!
Sou o todo, o nada...
Sou carne e osso...
Sou o pedaço que não tem...
Seja o nada, porque não tenho o todo de ninguém...
Os pedaços se formam e acaba e não será de ninguém!
Será carcomido nas terras de ninguém
Porque a terra não é de ninguém...
Estamos vagando e ao pó voltará...
Sejamos o verbo...
Será o verbo que não provém...
... Você é você enquanto a terra não te consome...
Você vai e fica a chorar alguém –
Não tem como remediar –
Apenas fica a jogar areia na cara
E não se leva nada...
Vai, aproveita a vida que te mantém!
Poty – 11/04/2009

Tempos difíceis

Nestes tempos nublados, de tempos irritados, de tempos nebulosos, de tempos da indiferença, da ausência, de tempos impunes, tempo de avareza com certeza, tempos da incerteza, tempos de animosidade, tempo rudes, tempos de intolerância, tempos da ganância, tempos do só meu!... Nada melhor que um sonho bom!... Não só meu, mas meu e seu! Sonhemos porque não perdemos a guerra... A batalha pode ser, mas a guerra não! Sonhemos que faz bem! Destes tempos, há de vir um novo amanhecer, um novo tempo, uma nova aurora, está chegando a hora! Dependem de nós sonhadores, lunáticos amantes da vida! Sejamos este sonho bom!
Poty – 28/03/2009

A Cruz

Ele sobre a cruz

Pendurando

Pregado

Coroado...

A escorrer sangue

Qual crime fez?!

Ser crucificado

Era a forma de matar um criminoso

Ele, por suas atitudes,

Seus atos,

Suas palavras

E práticas

O fez ir a julgamento...

O que restou foi à cruz!

A cruz ato humilhante...

Teria ele a caminhar pelas ruas e subir ao monte para sua própria morte e

Entre os que o condenavam e os que protestavam iria ao seu sacrifício carregando a cruz.

Foi açoitado

Caluniado

Debochado

E assim mesmo carregou a sua cruz

De pendurado ficou -

Esticado pelos pregos, olhando a todos -

Que aos seus pés pregados não souberam o que fazer...

A cruz permaneceu

Quando padeceu

O tiraram da cruz...

A cruz ficou cravada para todo sempre

E a glória de sua morte...

Que a morte vivenciou

E eternizou com sua cruz.

Poty – 10/11/2009

Ser velho ou novo, qual a diferença?

Não importa a tua idade, o que importa é você, o teu sorriso, a tua simpatia, o teu olhar, as tuas manias, a tua experiência, os teus anseios... A nossa troca, seja ela de diferença de idade, mas é de sentimento, de carinho, de amor (carnal, de desejos, de fantasias), que seja de amizade, mas sincero não porque a idade nos impõe... Foi a nossa vida que nos fez encontrar.

Poty – 28/03/2009

Humanizar

Há! Vida banal!
A intolerância assume,
Consome
E há os que dizem,
Vamos humaniza o trânsito, o ambiente, a vida etc...
... Humanizar o que é humano!
Deixemos as máquinas!
Não são elas!
Somos nós ditos humanos que criamos as regras.
Os ditamos da intolerância,
Da banalidade,
Do consumir por consumir,
De um dia de fúria,
Do stress,
Da indiferença,
Da agonia
E tudo mais...
... Foi se esquecendo que ao lado mora alguém.
Que conversar/dialogar é bobagem!
Negociar não faz bem.
Que os negócios,
Os objetos,
O próprio dinheiro estar acima de qualquer amizade.

Se o vizinho tem o melhor carro,
A melhor casa, etc...
... Eu passarei necessidade,
Mas terei o melhor!

É tão banal a vida!

Não é mais o crime,
O assalto,
A droga que mata...

Na roda de bate papo,
Num bar,
Na esquina,
Na praça,
Na Igreja,
Na escola (professora/aluno, aluno/professor)...

O que será mesmo?!

Temos tempo pelos menos para divergir e encontrar soluções de nossos dilemas pessoais e coletivos?!
Depois ficamos esperando pelos especialistas resolverem por nós o que nós fizemos...
... És a questão, o que é humanizar?!
Viramos máquinas,
Sem sentido,
Sem perguntas,
Sem saber para onde ir,
Sem querer ao menos parar e dizer,
Espere ai! O que realmente estamos fazendo para alterar a vida sem vida?!

Fica-se dizendo, mas isso não tem nada haver comigo;
É como meu vizinho...
... Pior quando é com o desconhecido, maltrapilho, pedinte, um drogado, uma prostituta... Há santa hipocrisia!... Ai sim ajudamos a matá-lo!
Só queremos tornar público quando acontece comigo, com minha família (com os meus), quando sou atingido.
Poty – 27/03/2009
Mãos Dadas - Carlos Drummond de Andrade

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.