quarta-feira, 23 de maio de 2012

Academia Caxiense de Letras

Meio século de história

Academia Caxiense de Letras, fundada em 1962, comemora jubileu

Corria o ano de 1962 quando, numa tarde de junho, um grupo de apaixonados pela literatura, incluindo nomes como Cyro de Lavra Pinto, Joaquim Pedro Lisboa e João Spadari Adami, resolveu fundar a Academia Caxiense de Letras. Passados 50 anos daquela primeira reunião, realizada numa saleta aos fundos da barbearia Pérola, de propriedade de Spadari, a ACL recebe amanhã às 19h30min, na Câmara de Vereadores, uma homenagem pelo seu jubileu de ouro, comemorado oficialmente no próximo dia 1º.

Com 40 cadeiras, seguindo os moldes da Academia Brasileira de Letras, a ACL conta hoje com 33 acadêmicos e alguns simpatizantes. A intenção é, até o final do ano, completar o número de vagas, fato inédito nesse meio século de existência, conta a atual presidente, Marilene Caon Pieruccini:

– O grupo fundador tinha cerca de 10 pessoas. No dia seguinte (da fundação), o Cyro de Lavra Pinto, o primeiro presidente, colocou o livro de atas debaixo do braço e foi batendo nas portas de pessoas que gostavam de literatura, até chegar a 40 assinaturas, mas muitos não chegaram a frequentar a ACL.

Marilene, que mergulhou em pesquisas para a produção de dois livros – um que será distribuído nesta quinta, com textos dos atuais acadêmicos e alguns dados históricos, e outro mais aprofundado, com a história completa da entidade, com expectativa de lançamento ainda este ano –, conta que, na segunda reunião, João Spadari Adami levou a sugestão de 21 nomes de patronos, e só posteriormente chegou-se aos 40 oficiais.

– Curiosamente, também nunca se passou de 21 acadêmicos presentes nas reuniões, pois sempre há os que não podem comparecer – acrescenta.

Um dos primeiros acadêmicos, embora não estivesse na reunião de fundação, é o historiador Mário Gardelin, até hoje detentor da cadeira número 1. Ligia Dal Zotto, da 19, é outra do grupo de pioneiros.

Diferentemente do que muitos pensam, a Academia não reúne apenas escritores. Como destacado na ata da primeira reunião e nos discursos da data, a entidade deveria congregar “amantes das letras”, quer eles tivessem ou não algo publicado. É assim até hoje – inclusive há casos de acadêmicos que só publicaram após já integrarem o grupo. A própria ACL já realizou a publicação de cadernos, que eram coletâneas de textos, mas isso não acontece mais, por falta de verbas. Para o livro do jubileu, foi conseguida aprovação pelo Financiarte, e para o livro histórico também será pleiteado esse custeio.

A ACL reivindica, também, uma verba pública anual de R$ 50 mil, que seria usada para custear o Prêmio Etnias, a ser concedido anualmente a uma obra de escritor local publicada no ano anterior. Só na premiação ao vencedor, seriam gastos R$ 30 mil – o que o colocaria no nível de alguns dos maiores prêmios literários brasileiros, como Barco a Vapor.

Saraus literários e trabalho em escolas

A rotina da Academia Caxiense de Letras inclui duas reuniões mensais. A primeira, administrativa, ocorre na segunda sexta-feira do mês, às 19h. Entre outros assuntos, ali são comunicados lançamentos de livros e outras atividades envolvendo os membros do grupo. O principal encontro da ACL, no entanto, é o literário, realizado no dia seguinte, ou seja, no segundo sábado do mês, com início às 15h.

A cada edição, um acadêmico se responsabiliza por trazer um tema para discussão. No último, Maria Helena Catani falou sobre a poesia em Caxias do Sul, desde os primórdios até 1972; no próximo, Alice Brandão vai falar sobre trova literária, promovendo ainda uma oficina sobre o gênero para os colegas. Depois da palestra ou oficina, ocorre uma confraternização, uma espécie de “chá das cinco” – que normalmente ocorre lá pelas seis, brinca a presidente da ACL.

Os trabalhos da academia, no entanto, não são apenas internos. Os membros participam de feiras do livro por todo o Estado, promovendo lançamentos, palestras e oficinas. Na feira caxiense, a ACL mantém sempre uma sala, com várias atividades. E, durante todo o ano, promove oficinas e atividades para o público externo, como nos projetos Clube dos Apaixonados pela Leitura, voltado às escolas da cidade, e Os Sentidos na Criação da Poesia, voltado à comunidade em geral, ou o Conto(ando), oficina de minicontos que ocorre tanto em escolas quando na sede da academia.


Retorno à sede

Por muitos anos, a Academia Caxiense de Letras não teve sede fixa. No início, as reuniões realizavam-se numa salinha nos fundos da Barbearia Pérola, em frente ao Eberle. Com o tempo, passou por vários lugares – casas de acadêmicos, clubes, biblioteca municipal, Câmara de Vereadores. Houve até uma reunião realizada na Praça Dante, quando se viram sem sede. Com a itinerância, grande parte dos arquivos da ACL acabou se perdendo.

Há pouco menos de uma década, o grupo começou a se reunir na antiga capela do Centro de Cultura Ordovás, e, quando da gestão de José Clemente Pozenato na Secretaria da Cultura, o espaço foi cedido em comodato para a ACL por 50 anos, renováveis por mais 50. No entanto, quando o lugar passou por restauração, os acadêmicos acabaram indo para outra sala, também no Ordovás. Em abril, conseguiram retornar à capela.

 Sessão Solene dia 24/05/2012.

 Uma homenagem na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, às 19h30min desta quinta-feira, dará início às comemorações dos 50 anos da Academia Caxiense de Letras (ACL). A solenidade terá a presença dos acadêmicos, devidamente paramentados, e servirá também para a apresentação, pela primeira vez, do hino do jubileu, com letra da atual presidente da instituição, Marilene Caon Pieruccini, e música de M. Osmar Ferreira, simpatizante da ACL e que fará a apresentação, com voz e violão.

Os festejos do meio século, que será completado oficialmente no dia 1º de junho, prosseguem na próxima semana. Nos dias 30 e 31 de maio e 1º de junho, à noite, haverá programação na sede da Academia, na antiga capela do Centro de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho, incluindo sarau e coquetel para os acadêmicos.

No dia 2 de junho, sábado, será inaugurado um memorial da ACL, também no Ordovás, às 10h, com cerimônia de quebra da matriz da medalha do jubileu. Ao meio-dia, haverá almoço festivo no Zarabatana Café.

No domingo, dia 3, às 11h, completam-se as comemorações com uma missa em trovas na Catedral Diocesana.