quinta-feira, 26 de abril de 2012

Auto-retrato



De minha parte,

sou ou creio ser de nariz grande, de olhos pequenos, com poucos cabelos na cabeça,

de abdômen volumoso, de pernas compridas, de pés grandes, amarelo de pele,

generoso nos amores, impossível com cálculos, confuso com as palavras, terno com as mãos,

lento ao andar, de coração inoxidável, adorador das estrelas, marés, terremotos,

admirador de besouros, caminhante das areias, ignorante das instituições,

chileno perpétuo, amigo dos meus amigos, mudo com inimigos,

intrometido entre os pássaros, mal-educado em casa, tímido nos salões,

audaz na solidão, arrependido sem objeto, horrendo administrador, navegante de boca,

curandeiro da tinta, discreto entre animais, afortunado nas nuvens densas,

pesquisador de mercados, obscuro nas bibliotecas, melancólico nas cordilheiras,

incansável nas florestas, lentíssimo nas respostas, ocorrente anos depois,

vulgar durante todo o ano, resplandecente com meu caderno, de apetite monumental,

tigre para dormir, sossegado na alegria, inspetor do céu noturno,

trabalhador invisível, desordenado, persistente, valente por necessidade,

covarde sem pecado, sonolento por vocação, amável com mulheres,

ativo por padecimento, poeta por maldição e tonto dos tontos.

Pablo Neruda - (Chile, 1904-1973) Prêmio Nobel de Literatura em 1971.
Pensei, pensei, pensei... Vontade deu... Quis ir... Mas a dúvida vinha e não sabia se ia ou se ficava... Não fui.



Mas pensava, pensava, pensava... Está muito atarefada, sem tempo, sem espaço pra mim...



Fico eu sofrendo com minha vontade de quer ir. Decidir ficar para não atrapalhar.



Saber por que, você não me respondeu. A dúvida imperou sobre mim, será que não adiantou ou só foi fogo de palha ou não valeu... A dúvida continua e continuará, mas o que aconteceu valeu até por demais.



Poty – 22/04/2012
 

Cativa-me com teu jeito bruto a ser lapidado...



... Serei o artífice que lapidará esta jóia preciosa.



Poty – 14/02/2010
Eu não tenho




Eu não tenho nada -



... Eu não vejo então -



Fico sem nada.



Eu não tenho,



O que fazer sem pão?


Vaza pelas mãos




Escorre nesta vazão,



Eu não tenho.


O que fazer nesta imensa solidão?



Não tenho nada.



Continuo nesta vastidão,



Sem nada ter.



Durmo sem colchão



No chão duro


E não sei o que remediar.



Não tenho onde morar



Fico perambulando por ai neste mundo que cabe



E me coube ficar sem chão.



Poty – 30/01/2010
Meus desejos carnais




São vorazes



E



... Insuportáveis



A



Olho Nu



Poty – 22/04/2012





Poeta menino



Atrevido,



Sem guardar suas palavras



É



Ardente



Muito quente



Carente



Destemido



Abusado



Desfaz seus brios


... Me atropelou



Quis me refazer, era tarde.


Poty – 22/04/2012