domingo, 30 de setembro de 2012

O amor

O amor
Não tem sexo
Cor
Nem religião...
O amor é o tempo
Não é convenção.
Poty – 28/09/201

Humano ou semideus

Humano 
Semideus... 
Pecador em seus pecados...
Desaforado
Mal visto
Sem visto

Uso o intelecto
Intelectual
Usual
Mais para profano
Neste mundo desumano
No seu tempo animal
Poty – 29/09/2012


 


 

Vou deixando



Vou deixando a delicia que penetra nas tuas entranhas e chego de açoite feito um ladrão na noite... 
Faço-te artista no palco e deixo-te toda molhadinha por mim... 
Te pego de jeito lá em cima na mesa onde dança pra mim... 
... Sem frescura me suja de carmim no seu camarim... 
Quero agora o teu sorriso que venha comigo... 
Pra longe na terra do sem fim...
Poty 22/12/2006

A roda



Eu não a criei
E nem você!

Ela surgiu!

Veio rolando/rodando...

Desce numa velocidade...

Soube empurrando.


Dela veio o carrinho de lombada

A latinha de leite que vira carrinho puxado por cordão.

Tem o pião!


Aparece a bicicleta,

O carro a motor,

O avião (mas precisam da roda, do pneu para fazê-los movimentar!)


O mundo é uma roda!

A terra gira

O sol a roda que clareia!

A lua nem se fala!


Vivemos em função da roda que nos faz girar, rolar, circular e nos encontrarmos no outro lado.


Rola/rola/ rola roda essa é a nossa função.


Nossa meta é rolar/rodar/enrolar.

Poty – 24/02/2009

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Armado

As armas uso quando for preciso, 
Se não preciso fico sem escudos...
Deixo ser furado
Não preciso da razão
Para quê dela se nestes casos a paixão faz bem...
Armas só para guerras...

sou da paz
O vento leva
O vento trás
Desarmado estou
Barreiras sem armas na mão
Poty – 25/09/20


 


 

A Palerma

        Dias atrás mandei chamar a governanta dos meus filhos, Iúlia Vassílievna, ao meu gabinete. Precisávamos acertar contas.         - Sente-se, Iúlia Vassílievna.! - eu disse. - Vamos acertar nossas contas. A senhora provavelmente necessita de dinheiro, mas tem cerimônia demais para pedir... Vamos lá... Nós combinamos trinta rublos por mês...         - Quarenta...         - Não, trinta... Eu tenho aqui escrito... Eu sempre paguei trinta para as governantas... Então, a senhora ficou aqui dois meses...         - Dois meses e cinco dias...         - Dois meses exatos... Eu tenho aqui anotado. Portanto, a senhora tem a receber sessenta rublos... Temos que descontar nove domingos... pois a senhora não estudou com Kólia nos domingos, somente passearam... e houve ainda três feriados...         Iúlia Vassílievna ficou vermelha e começou a repuxar os babadinhos de sua roupa, mas não disse uma só palavra...         - Três feriados... Consequentemente, vamos tirar doze rublos... Durante quatro dias Kólia ficou doente e não teve aulas... A senhora estudou só com Vária... Três dias a senhora teve dor de dente e minha esposa permitiu que a senhora não desse aula depois do almoço... Doze mais sete- dezenove. Subtraindo, restam... hum... 41 rublos. Certo?         O olho esquerdo de Iúlia Vassílievna ficou vermelho e cheio d´água. Seu queixo tremeu. Ela deu uma tossida nervosa, assoou o nariz, mas- nem uma palavra!         - Na véspera de ano-novo a senhora quebrou uma xícara de chá e um pires. Vamos tirar dois rublos... A xícara custa mais do que isso, era herança de família, mas... deixa pra lá! Não vamos fazer questão disso! Adiante: devido à sua falta de atenção, Kólia subiu numa árvore e rasgou seu casaquinho. Vamos tirar dez... A arrumadeira, também devido à sua falta de atenção, roubou umas botinas de Vária. A senhora deveria cuidar de tudo. É para isso que recebe salário. Então, vamos tirar mais cinco... No dia sete de janeiro a senhora pegou adiantado comigo dez rublos...         - Eu não peguei!- sussurrou Iúlia Vassílievna.         - Mas eu tenho aqui anotado!         - Então, está bem... Que seja.         - De 41 vamos subtrair 27- restam catorze.         Os dois olhos de Iúlia Vassílievna encheram-se de lágrimas... No seu belo e alongado narizinho apareceram gotas de suor. Pobre menina!         - Eu só peguei uma vez- disse ela com voz trêmula. - Peguei com a sua esposa três rublos... Não peguei mais...         - É mesmo? Ora, isso não está anotado! Tirando três de catorze, sobram onze... Aqui está o seu dinheiro, caríssima! Três... três... três... um... um... Tenha a bondade de receber!         E lhe entreguei onze rublos... Ela pegou o dinheiro e com os dedinhos tremendo meteu-o no bolso.         - Merci - sussurrou ela.         Levantei-me de um salto e comecei a caminhar pelo gabinete. Estava indignado.         - Merci por quê? - perguntei.         - Pelo dinheiro...         - Mas eu a roubei, com os diabos, eu a assaltei! Acabei de roubá-la! Por que merci?         - Nos outros lugares eles não pagavam nada...         - Não pagavam? Então não é de se estranhar! Eu estava brincando com a senhora, estava lhe dando uma lição cruel... Vou lhe pagar todos os oitenta rublos! Estão aqui preparados, neste envelope! Mas é possível ser assim tão pateta? Por que a senhora não protesta? Por que fica calada? Será que neste mundo é posssivel não ser atrevido? É possivel ser tão palerma?          Ela deu um sorriso azedo e eu li no seu rosto: "É possivel!"         Pedi desculpas pela cruel lição e, para sua grande surpresa, entreguei-lhe todos os oitenta rublos. Ela disse um merci tímido e saiu... Fiquei olhando quando ela se afastava e pensei: "Como é fácil ser poderoso neste mundo!". 

 de Anton Pavlovich Tchekhov Anton Tchekhov
19 de fevereiro de 1883 
do livro "Um negócio fracassado e outros contos  de humor"blog wordpress

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Tarsila





























Tarsila Amaral
Pensares mal
Arte enfim
Busco a minha
A de qualquer um

É Tarsila se floreando
Roupas em pompas
Ruge e carmim
Poty – 26/09/2012







Terceiro céu





















Para quê o terceiro
Se nem chegamos ao primeiro!
Será que é necessário mais que um?
Vamos ficar nesse mesmo!
Sem delongas
O terceiro fica para nossos sonhos fulgidos!
Poty – 26/09/2012





Beijo




Freneticamente te beijei
Olhares serrados
Só pensamentos prazerosos
Aconchegos reconfortantes
Beijos dobrados sobre teu ombro abracei
Poty – 26/09/2012