O amor
Não tem sexo
Cor
Nem religião...
O amor é o tempo
Não é convenção.
Poty – 28/09/201
domingo, 30 de setembro de 2012
Humano ou semideus
Vou deixando
Vou deixando a delicia que penetra nas tuas entranhas e chego de açoite feito um ladrão na noite...
Faço-te artista no palco e deixo-te toda molhadinha por mim...
Te pego de jeito lá em cima na mesa onde dança pra mim...
... Sem frescura me suja de carmim no seu camarim...
Quero agora o teu sorriso que venha comigo...
Pra longe na terra do sem fim...
Poty 22/12/2006
A roda
E nem você!
Ela surgiu!
Veio rolando/rodando...
Desce numa velocidade...
Soube empurrando.
Ela surgiu!
Veio rolando/rodando...
Desce numa velocidade...
Soube empurrando.
Dela veio o carrinho de lombada
A latinha de leite que vira carrinho puxado por cordão.
Tem o pião!
A latinha de leite que vira carrinho puxado por cordão.
Tem o pião!
Aparece a bicicleta,
O carro a motor,
O avião (mas precisam da roda, do pneu para fazê-los movimentar!)
O mundo é uma roda!
A terra gira
O sol a roda que clareia!
A lua nem se fala!
A terra gira
O sol a roda que clareia!
A lua nem se fala!
Vivemos em função da roda que nos faz girar, rolar, circular e nos encontrarmos no outro lado.
Rola/rola/ rola roda essa é a nossa função.
Nossa meta é rolar/rodar/enrolar.
Poty – 24/02/2009
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Armado
As armas uso quando for preciso,
Se não preciso fico sem escudos...
Deixo ser furado
Não preciso da razão
Para quê dela se nestes casos a paixão faz bem...
Armas só para guerras...
Se não preciso fico sem escudos...
Deixo ser furado
Não preciso da razão
Para quê dela se nestes casos a paixão faz bem...
Armas só para guerras...
sou da paz
O vento leva
O vento trás
Desarmado estou
Barreiras sem armas na mão
Poty – 25/09/20
O vento leva
O vento trás
Desarmado estou
Barreiras sem armas na mão
Poty – 25/09/20
A Palerma
Dias atrás mandei chamar a governanta dos meus filhos, Iúlia Vassílievna, ao meu gabinete. Precisávamos acertar contas. - Sente-se, Iúlia Vassílievna.! - eu disse. - Vamos acertar nossas contas. A senhora provavelmente necessita de dinheiro, mas tem cerimônia demais para pedir... Vamos lá... Nós combinamos trinta rublos por mês... - Quarenta... - Não, trinta... Eu tenho aqui escrito... Eu sempre paguei trinta para as governantas... Então, a senhora ficou aqui dois meses... - Dois meses e cinco dias... - Dois meses exatos... Eu tenho aqui anotado. Portanto, a senhora tem a receber sessenta rublos... Temos que descontar nove domingos... pois a senhora não estudou com Kólia nos domingos, somente passearam... e houve ainda três feriados... Iúlia Vassílievna ficou vermelha e começou a repuxar os babadinhos de sua roupa, mas não disse uma só palavra... - Três feriados... Consequentemente, vamos tirar doze rublos... Durante quatro dias Kólia ficou doente e não teve aulas... A senhora estudou só com Vária... Três dias a senhora teve dor de dente e minha esposa permitiu que a senhora não desse aula depois do almoço... Doze mais sete- dezenove. Subtraindo, restam... hum... 41 rublos. Certo? O olho esquerdo de Iúlia Vassílievna ficou vermelho e cheio d´água. Seu queixo tremeu. Ela deu uma tossida nervosa, assoou o nariz, mas- nem uma palavra! - Na véspera de ano-novo a senhora quebrou uma xícara de chá e um pires. Vamos tirar dois rublos... A xícara custa mais do que isso, era herança de família, mas... deixa pra lá! Não vamos fazer questão disso! Adiante: devido à sua falta de atenção, Kólia subiu numa árvore e rasgou seu casaquinho. Vamos tirar dez... A arrumadeira, também devido à sua falta de atenção, roubou umas botinas de Vária. A senhora deveria cuidar de tudo. É para isso que recebe salário. Então, vamos tirar mais cinco... No dia sete de janeiro a senhora pegou adiantado comigo dez rublos... - Eu não peguei!- sussurrou Iúlia Vassílievna. - Mas eu tenho aqui anotado! - Então, está bem... Que seja. - De 41 vamos subtrair 27- restam catorze. Os dois olhos de Iúlia Vassílievna encheram-se de lágrimas... No seu belo e alongado narizinho apareceram gotas de suor. Pobre menina! - Eu só peguei uma vez- disse ela com voz trêmula. - Peguei com a sua esposa três rublos... Não peguei mais... - É mesmo? Ora, isso não está anotado! Tirando três de catorze, sobram onze... Aqui está o seu dinheiro, caríssima! Três... três... três... um... um... Tenha a bondade de receber! E lhe entreguei onze rublos... Ela pegou o dinheiro e com os dedinhos tremendo meteu-o no bolso. - Merci - sussurrou ela. Levantei-me de um salto e comecei a caminhar pelo gabinete. Estava indignado. - Merci por quê? - perguntei. - Pelo dinheiro... - Mas eu a roubei, com os diabos, eu a assaltei! Acabei de roubá-la! Por que merci? - Nos outros lugares eles não pagavam nada... - Não pagavam? Então não é de se estranhar! Eu estava brincando com a senhora, estava lhe dando uma lição cruel... Vou lhe pagar todos os oitenta rublos! Estão aqui preparados, neste envelope! Mas é possível ser assim tão pateta? Por que a senhora não protesta? Por que fica calada? Será que neste mundo é posssivel não ser atrevido? É possivel ser tão palerma? Ela deu um sorriso azedo e eu li no seu rosto: "É possivel!" Pedi desculpas pela cruel lição e, para sua grande surpresa, entreguei-lhe todos os oitenta rublos. Ela disse um merci tímido e saiu... Fiquei olhando quando ela se afastava e pensei: "Como é fácil ser poderoso neste mundo!".
de Anton Pavlovich Tchekhov
19 de fevereiro de 1883
do livro "Um negócio fracassado e outros contos de humor"
de Anton Pavlovich Tchekhov
19 de fevereiro de 1883
do livro "Um negócio fracassado e outros contos de humor"
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Tarsila
Terceiro céu
Beijo
Freneticamente te beijei
Olhares serrados
Só pensamentos prazerosos
Aconchegos reconfortantes
Beijos dobrados sobre teu ombro abracei
Poty – 26/09/2012
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